Atrair e envolver o espectador são propostas de
interação entre arte e público de artistas como Lygia Clark e Hélio Oiticica,
os quais levam essa relação comunicativa ao extremo, como a própria artista
diz:
Nós somos os propositores: nós somos o molde, cabe a você soprar dentro dele
o sentido da nossa existência.
Nós somos os propositores: nossa proposição é o
diálogo. Sós, não existimos. Estamos à sua mercê. Nós somos os propositores:
enterramos a obra de arte como tal e chamamos você para que o pensamento viva
através de sua ação.
Nós somos os propositores: não lhe propomos nem
o passado nem o futuro, mas o agora.
Arte não é só contemplação, é também diálogo. À
noção da arte como “ato” segue a de “proposta”. A proposta, anterior ao ato, é
urgência de comunicação com o outro. A artista se postula como um molde vazio a
ser colmado pelos outros: “estamos a vosso dispor”: a arte seria um diálogo
entre sujeitos cúmplices, uma operação compartilhada no aqui e agora.
Nesse ano de 1964, as propostas começariam a
acontecer em um outro contexto: o Golpe de Estado suprimiria, pouco a pouco, as
liberdades individuais para acirrar o processo em 1968, quando, no AI-5, a
censura prévia foi instituída pelo governo militar. Numa situação de
autoritarismo, repressão social e violência de Estado, muitos brasileiros
aderiram ou apoiaram os vários movimentos de luta armada que surgiram na época;
outros foram expulsos ou se exilaram voluntariamente no estrangeiro. Outros,
ainda, permaneceram no Brasil e optaram por estratégias radicais de resistência
que tendiam a uma transmutação da experiência subjetiva que era, em si,
política. O corpo − cerne e charneira das propostas artísticas − era um corpo
que se afirmava duvidando de si, pondo-se à prova, abrindo-se escancaradamente
para todas as potências da vida e da morte.
O artista Luciano Mariussi criou a obra a qual
envolve e aproxima o público. "Eu sei o que é Arte Contemporânea" é
um exemplo que desperta curiosidade e interação, ou seja há uma proposição. A
proposta era que o espectador entrasse no museu gritando a frase e assim
conseguiria um desconto de R$ 1,00 no ingresso, em 2005.
Fontes:
http://artenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/arq_pdf_116.pdf
http://adriartessempre.blogspot.com.br/2014/02/entre-gritando.html
http://www.estrategiasarte.net.br/papeis-avulsos/lygia-clark-texto-imagem